Era dia 11 de outubro, pré feriado de dia das crianças, as
ruas do Rio de Janeiro estavam cheias de gente correndo pra lá e pra cá a
procura de presentes, mas como eu não
tenho filhos nem sobrinhos, não preciso me preocupar com isso.
Meu nome é Matheus, mas todos me chamam de Mat, é mais fácil
e mais legal também (…) Tenho 28 anos e
sou musico, terminei minha faculdade a pouco tempo, tenho uma banda com uns
amigos, mas ainda não estamos fazendo sucesso, divido um apartamento com o
baterista e o vocalista da banda, mas ambos viajaram nesse feriado.
Enfim, Eu estava andando a toa pelo Rio, porque eu estava
muito entediado em casa e decidi sair um pouco, enquanto andava avistei uma
menina que me parecia muito familiar, ela estava saído de uma loja, cheia de
sacolas de presentes, mexendo em sua bolsa um bocado atrapalhada e distraída,
então fui chegando mais perto para poder ver o seu rosto e vi que realmente eu
a conhecia…
- Bruna?
Ela olhou para mim com cara de assustada e quando reconheceu
meu rosto pude perceber um brilho em seus olhos e seu lindo sorriso de ponta a
ponta.
- Matheus! Quanto tempo…
- Falou sorrindo e já me abraçando.
Retribui o abraço dela com um enorme sorriso no rosto também
e falei:
- Pois é, já fazem uns 5 anos… Você ta ótima.
Ela deu um sorrisinho envergonhado e falou:
- Você também, e pelo visto fez as tatuagens que queria né.
– Riu
- É, mas faltam algumas ainda. – Dei uma risadinha
- Ficou muito legal (…)
Ficou um silêncio durante alguns segundos e eu não conseguia
parar de olhar para seu olhos, eles refletiam a luz do sol de uma forma
encantadora e seu sorriso sem graça me deixava sem graça também.
- Bom eu tenho que ir pra casa guardar esses presentes para
dar aos meus sobrinhos amanha, quer ir comigo ou tem alguma coisa pra fazer? –
falou em quanto fechava a bolsa e pegava as sacolas.
- Bom, eu to andando a toa mesmo, vou com você pra gente,
como dizem “botar a conversa em dia”. – (risos)
Ela deu uma risadinha.
- Me da aqui, deixa que eu levo essas sacolas pra você –Falei
já pegando as sacolas da mão dela.
-Precisa não eu (…)
- shiiu! Se eu falei que levo então eu levo! – a interrompi.
- Continua o mesmo bobo de sempre. – Falou sorrindo.
- E você a mesma linda de sempre (…) – Na mesma hora em que
falei isso pude perceber ela ficando vermelha.
Pegamos o metro e chegamos na casa dela, era uma casa muito
bonita, com um ar rústico, um quintal enorme , dois cachorros e muitas plantas.
- Bem a sua cara mesmo essa casa – Sorri.
- Ta dizendo que ela é feia? – Ela falou com um ar de
brincadeira.
- não, to dizendo que ela é linda – (risadinha)
E mais uma vez ela ficou vermelha (…) Ela pegou as chaves e
abriu a porta.
- Entra, mas não repara, não sou muito de arrumação.
Sua casa era um pouco desorganizada, mas nada caótico, na
sala tinha vários quadros encostados na parede pintados por ela, varias tintas
e pinceis em uma mesinha, uma estante com muitos livros e o que eu menos
esperava ver nos dias de hoje, uma vitrola e muitos, muitos discos de vinil,
realmente era bem a cara dela, com apenas moveis antigos, menos os aparelhos
eletrônicos com exceção da vitrola.
- Você mora sozinha?
- É, quando comecei a fazer faculdade aqui no Rio eu fui
morar com minha tia, mas agora eu já terminei a faculdade e estou trabalhando, da pra sustentar uma casa, ainda
falta termina de mobilhar o resto da
casa (…) me da só um momentinho, pra eu trocar de roupa?
- Claro vai lá.
- Tem cerveja na geladeira se você quiser, tem coca, tem
água e tem suco também (…) Pode abrir o armário se quiser comer alguma coisa,
fica a vontade! - Disse em quanto andava
em direção ao quarto.
Já que ela falou, foi o que eu fiz, fui até a cozinha,
peguei uma cerveja e gritei.
- PEGUEI UMA GELADA PRA MIM!
- PEGA UM COPO DE SUCO PRA MIM? – Gritou do quarto.
- SIM SENHORITA! (risos)
Ela riu (…) Sentamos no sofá, ela botou um disco dos Beatles
pra tocar pegou um maço de cigarro e um isqueiro e quando ia acender falou.
- Desculpa.. Você se importa se eu fumar?
- Nunca liguei pra isso lembra?
- A, é(…) – Acendeu seu cigarro.
- Nossa tomando suco e fumando (Pausa..) Ta bom né. – Nós
dois rimos
- Então Mat, me conta ai, o que você tem feito?
- Eu to com minha Banda, aquela mesma de antigamente, com o
Léo, o Steve e o Ramon.
- Que legal, e como eles estão? Também perdi o contato com
eles.
- O Ramon se casou e tem uma filha, o Léo e o Steve
continuam solteiros e dividem um apartamento comigo, Nós chamamos de “a toca
dos encalhados”, incrível como nós não conseguimos desencalhar nunca.
- Então somos 4 – Ela disse rindo – já faz um tempão que
estou sem ninguém, mas é melhor assim mesmo, chega de ter o coação pisoteado
por esses caras…
- Ta bom, menina revoltada.
Rimos juntos (…)
Era incrível a forma como eu não conseguia parar de olhar
para ela nem por 1 segundo, até fumando ela ficava linda e muito sexy, me
lembrei de quando éramos mais jovens e de como era bom ficar com ela (sim, nós
tínhamos um rolo quando éramos jovens) e só agora me toquei o quanto senti
saudades. Ela tinha uma coisa que era só dela, um charme pessoal e era
maravilhoso, uma beleza diferente…
Ela terminou o cigarro e botou a guimba no cinzeiro, pegou o
copo de suco e se virou de frente para mim,
com as pernas cruzadas em cima do sofá .
- Vai fazer alguma
coisa amanha?
- Amanha?.. Não, é dia das crianças, não tenho o que comemorar. – Dei um sorrisinho.
- Quer ir visitar meus sobrinhos comigo?
- Claro! –Disse com um sorriso no rosto. Afinal, eu não iria
fazer nada mesmo.. - Vai ser uma boa
passar mais tempo com a Bruna, lembrar dos velhos tempos.
- Então tá, me da o seu numero que amanha eu te ligo e a
gente se encontra.
- Ok anota ai: 98608854
-Prontinho, amanha quando eu for me arrumar eu te ligo, dai
você não se atrasa. – Deu uma risada.
- Haha, eu nunca me atraso ta.
- Aaah, só se você mudou né, porque antigamente você demorar
mais do que duas mulheres juntas pra se arrumar. – (Rindo)
- Ah, para! Eu nem demorava tanto assim… Só um pouquinho. –Cruzei os braços fazendo
cara de sonso.
- Ok moça. – falou rindo e debochando de mim e nós dois
rimos.
Levantamos juntos do sofá e sorrimos um para o outro. Nossa
que sorriso lindo…
-Bom eu vou indo então, amanha a gente se fala..
- Ok, vou até a porta com você..
Andamos até a porta, ambos em silencio, ela abriu a porta e
deu um lindo sorriso.. Não, eu não me canso de dizer que o sorriso dela é
LINDO.
-Boom, então.. até amanha.. – disse estendendo os braços
para me dar um ábraço.
- É.. até.. – Falei retribuindo o abraço com um pouco de
vergonha e um sorriso no rosto..
Ela me deu um beijo na bochecha e ficou olhando eu sair.
Nossa, fazia tanto tempo que a gente não e via que eu mal
lembrava de como era bom passa o dia com ela. Passei o resto do dia pensando
nela, sem querer, quando me ligava , lá estava eu, parado, olhando pro nada
pensando e viajando na imagem dos seus
lindos olhos, seu cabelo, seu corpo, sua risada de criança.. Droga se concentra
Mat.. Já fazem 5 anos, é lógico que ela não pensa mais em você, sem chances,
volte para a realidade…
A noite passou, dormi feito uma pedra e acordei com uma
ligação.
INICIO DA LIGAÇÃO:
- ACOOOORDA BELA ADORMECIDA! É a Bruna.
- Ah.. Bom dia.. (voz de sono)
- Já são 10:40 da manha, passou da hora de levantar.. Até a mocinha ai se arrumar, almoça e
pegar o ônibus já são 13:00, temos que
sair daqui da minha casa 14:00 hrs..
- Ta bom (risos) já estou levantando..
- É isso ai! Vou desligar, quando tiver saindo me manda uma
sms. Beijinho..
FIM DA LIGAÇÃO.
Nossa que preguiça de levantar, mas havia marcado com ela,
então vamos la.. Levantei da cama
totalmente morgado e fui direto para o banho, só assim mesmo pra poder
despertar. Tomei meu banho, me arrumei e
fui para a cozinha, eu estava morrendo de fome, parece que tinham 10 cachorros
abandonados dentro de mim, comi tanta coisa que depois fiquei mais morgado
ainda. Olhei no relógio, 12:45…
-PUTA QUE PARIU! – Berrei
É, eu realmente demoro pra me arrumar.. Peguei minhas coisas, tranquei a casa e fui
para o ponto de ônibus.
Quando cheguei no ponto de ônibus, mandei uma sms pra ela
“Já to no ponto, daqui a pouco chego ai.”
Demorou uns 5 minutos e apareceu um ônibus. Da minha casa
até a dela, dava uns 20 minutos de ônibus, era perto e eu nem fazia ideia..
Cheguei, toquei a campainha, então veio la, toda arrumada, abriu o portão com um sorriso no
rosto.
-Olaa! Entra ai, vou
comer alguma coisa e a gente sai..
-Ok.. (risos)
Entramos e ela foi direto pra cozinha.
- Quer alguma coisa?
-Aceito um copo d’água..
-Só água? – Disse abrindo a geladeira.
-Sim, estou sem fome…
-Então ta..
Ela pegou a garrafa d’água e me serviu..
-Brigado. - Sorri e
peguei o copo.
- De nada – Sorriu.
Ela pegou uma fatia de torta de chocolate na geladeira, um
garfo, sentou em um banco e comeu bem
rápido, depois pegou um copo de suco e tomou.
-Espera um minuto que eu vou escovar os dentes.. – Disse em quanto caminhava para o banheiro.
Ela fez tudo o que tinha que fazer e pegou a bolsa e as
sacolas com os presentes.
- Vamos?
-Vamos, deixa que eu
levo essas sacolas.. – Dei um sorriso de lado.
- Ok, ok…
Ela me entregou as sacolas e abriu a porta (…) Quando
chegamos na casa da irmã dela, todos nos
receberam muito bem, principalmente as
crianças que já nos receberam pulando no colo da Bruna e perguntando “Quem é
esse moço tia?”.
- Esse moço é o Matheus.. – Disse sorrindo e olhando para
mim.
Eu sorri sem graça e disse um “oi” meio tímido acenando para
as pessoas que estavam ali.
Passamos uma tarde bem agradável na casa da irmã de Bruna,
depois que eu perdi a vergonha foi bem legal e engraçados, joguei até videogame com o sobrinho dela que
por sinal era muito bom.. Enfim, Quando deu 19:00 hrs nós fomos embora.
Chegando na casa da Bruna, nós dois estávamos cansados, eu
tirei os sapatos e me joguei no sofá dela, ela jogou a bolsa em cima da mesa e tirou os sapatos.
-Se importa se eu for tomar um banho?
- Não, não, vai la, posso ligar a televisão?
- Claro que pode.. (risos)
Ela foi tomar banho e em quanto isso eu liguei e TV e
coloquei no canal de esportes (…) Ela saiu do banho usando um vestido soltinho
que ficava muito sexy nela.
- Prontinho… Quer
alguma coisa?
- Sei la, tem alguma coisa pra gente beber?
-Claro que tem (risos) Tem cerveja, Wisk, Tequila, Vodk..
Você que sabe..
- Wisk por favor.. – Disse rindo.
Ela deu uma risada e foi pegar a bebida, voltou com dois
copos e uma garrafa cheia. Ela me serviu a bebida, pegou um cigarro, desligou a
TV e disse:
- Vou botar uma musica, tem alguma preferência?
- Sei la, um rock, um blues..
- Que ta um rock das antigas, tipo.. Rolling Stones…
- É, ta ótimo.. (risos)
Botou o disco pra rodar, não demorou muito e começou a se
empolgar, começou a cantar junto e dança sozinha com o copo de bebida em uma
mão e cigarro na outra, me lembrei do
dia em que agente se conheceu, ela
estava fazendo a mesma coisa só que ao som de Betles.
Eu comecei a rir e me juntei a ela, começamos a dançar e
beber feito dois adolescentes, parecia
que tínhamos voltado no tempo e estávamos com 18 anos novamente.
Depois de algumas musicas e alguns copos de wisk, ambos já
estavam um pouco “alterados” para não dizer bêbados, ela se jogou no sofá e
acendeu outro cigarro.
-Noooossa, a quanto tempo eu não fazia isso..
-Beber e dançar feito louca?
-Exatamente... – Disse rindo.
Sentei no sofá junto com ela, nós dois estávamos rindo a
toa, ficamos ali parados por um tempo para recuperar o fôlego,
- Eu tava com saudades disso sabia? – Ela disse sorrindo e
olhando para mim.
-Isso o que?
- De passar esse tempo com você, faz tanto tempo..
Confesso que fiquei um pouco sem graça e com o coração um
pouco acelerado…
- Eu também… – Disse com um sorriso sem graça.
Nesse momento ela se aproximou e me deu um beijo no rosto e encostou a
cabeça em meu ombro, eu fiquei sem reação por um instante, depois comecei a
fazer carinho em seu cabelo, ela virou para mim e disse sorrindo:
-Eu já estou meio bêbada, com esse carinho eu vou acabar
dormindo.
Seu rosto estava tão próximo do meu que foi inevitável, a
interrompi com um beijo… Senti todo o meu corpo se arrepiar e meu coração
acelerou mais, passei minha mão pela sua nuca e cheguei meu corpo mais perto do
dela, conseguia sentir sua respiração ofegante, ela passava uma mão pela minha
nuca e a outra pelas minhas costas, fui deslizando minha mão por todo o seu
corpo quente e macio. A gente se envolvia cada vez mais e tudo começava a ficar
mais intenso e quando percebemos estávamos ali, deitados no sofá, sem roupa
alguma, fazendo amor. Começamos no sofá, caímos para o tapete, depois fomos
parar na mesa da sala, depois o quarto e por ultimo fomos para o chuveiro… Foi
uma noite incrível.
E agora aqui estou eu, deitado em sua cama, olhando para
esse lindo rosto em quanto ela dorme, o que vai ser daqui a pra frente eu ainda
não sei, mas eu adorei esses últimos dois dias e espero que continue sendo
assim, eu e ela, juntos, mesmo que não haja nenhum compromisso, eu só não quero
ter que ficar tanto tempo longe dela
novamente..
Por: Áurea Desirée.